Vozes de Mulheres Camponesas sobre Desafios e Oportunidades da Actividade Agrícola

Segundo um grupo de mulheres camponesas da região sul de Moçambique, houve várias constatações sobre os desafios e oportunidades na prática da agricultura por parte daquele grupo alvo, tendo havido algumas das seguintes constatações:

Josefa Machangane, uma mulher camponesa com uma média de 35 anos de idade, fez algumas constatações sobre os desafios enfrentados nos valores monetários recebidos como pagamento do trabalho agrícola, bem como da falta de acesso a terra própria porte das mulheres camponesas. Esse facto, faz com que muitas delas pratiquem uma agricultura sazional, pois produzem em machambas ou pedaços de terra que pertencem a outras pessoas, trabalhando por conta de outrem:

“Nós fazemos biscatos nas machambas da nossa chefe, não trabalhamos em nossas machambas, até porque muitas de nós não temos terrenos só pedimos emprestado terra de outras pessoas para cultivar. Também não temos acesso a financiamentos, para arranjarmos dinheiro para investir na produção agrícola dependemos da nossa patroa. No início desta actividade agrícola, a nossa patroa que é dona da machamba onde nós cultivamos, teve apoio financeiro do Governo, mas agora o dinheiro que investe aqui na agricultura, é dela.”

Josefa, camponesa há mais de quinze anos, acrescentou ainda que:

Nós produzimos mais tomate, é a cultura que mais sai, e a producao agrícola é vendida nos mercados locais, tais como Mercado Zimpeto, Mercado Malanga… quando o dinheiro que vem da venda da produção agrícola é muito, a patroa (chefe) paga a nós as trabalhadoras.”

“O Pagamento Depende da Nossa Força”

No entanto, o pagamento das camponesas depende do número e extensão de canteiros que cada camponesa cultiva. Quando uma camponesa cultiva 2, 4, 6, ou 10 canteiros é que ganha algum valor, portanto a quantidade do valor monetário que cada camponesa recebe, depende da forca física de cada mulher camponesa.

Portanto, o pagamento da produção agricola que cada mulher camponesa faz na machamba, depende da forca de cada mulher camponesa e do número de canteiros que cada uma consegue cultivar.

Em termos de valores monetários a serem pagos a cada mulher camponesa pelo trabalho que cada uma faz na machamba, depende também da extensão ou tamanho de cada canteiro. Existem canteiros que de acordo com o tamanho custam 50MT, 100MT, ou 150MT, cada.

A força da mulher camponesa para cultivar está condicionada a quantidade de capim e matope que existe na areia. Por exemplo quando chove muito, o trabalho torna-se mais difícil, e o valor monetário recebido nem sempre compensa.